Vivo actualmente com um dilema na minha cabeça.. sou formado em Educação Fisica e Desporto, tirei a licenciatura na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias há coisa de 8 anos... e entrei neste curso com sinais de preocupação e avisado e alertado pelos professores da universidade de que estariamos, todos os presentes naquele auditório enorme e repleto de alunos, a entrar no mundo e num dominio que as portas se estariam a fechar e as oportunidades seriam poucas e o nosso sucesso duvidoso...

Mesmo assim alguns de nós foram em frente, para a lutar, acreditar e ter esperanças de que aquilo eram apenas palavras para nos assustar e demover o nosso sonho, a nossa esperança e de conseguirmos alcançar aquilo que sempre quisemos e colocamos como um objectivo... outros, alguns, desistiram e não aguentaram e acreditaram nessa ideia...

Foram 8 anos de muita luta, sacrificio, lágrimas, pressões, dificuldades, injustiças, e de dor... existiram tb coisas boas... mas sempre aceditei que iria ter a minha sorte e o meu percurso, a minha caminhada até ao objectivo final, que não seria facil, com os obstaculos normais mas iria conseguir... Começei a trabalhar na área ainda estava a estudar, foi no Holmes Place de Alvalade e ainda lá estou há já 9 anos!!! Trabalho como instutor de natação, trabalho pelo qual me orgulho e sim tem a ver com a minha formação.

Depois, veio o ano de estágio que foi durante um ano em Alcochete. Foi bom e ai sim senti o que é ser verdadeiramente um professor de Educação Física . Dei aulas a uma turma do 11º ano, excelentes alunos e com muito boa disposição e camaradage. Um enorme Orgulho senti ao dar as aulas, a unica desmotivação foi: não ganhar dinheiro (o estágio não era remunerado). Em fim, foi sol de pouca dura, pois depois deste ano não tive mais opurtunidade de leccionar nas escolas para os anos para os quais foi formado e preparado...

O ano a seguir, a faculdade terminou e pude ir dar aulas de Educação Física em AEC (Actividades de Enriquecimento Curricular) numa escola em Chelas... foi um trabalho, e para primeiro cuja responsabilidade e programação das aulas era apenas só minha, o balanço final foi positivo mas queria mais... queria trabalhar para aquilo que foi formado... O trabalho feito nas AEC´S, e principalmente o meu nesse ano, é um trabalho sério, exigente, coerente, e respitado... mas isto apenas paa quem dá as aulas, que dá o litro, que acredita no seu trabalho a desenvolver, que quer proporciona aos alunos experiencias e vivências boas e positivas... mas é apenas para o professor que as dá... Aos outros já não é bem assim... Aos outros e refiro-me a colegas de profissão de outros dominios, aos pais das crianças, ás próprioas crianças e, por fim, ao governo e ás instiruições que regulam estas actividades. 

Ora o governo falha por não ter interesse e não controlar todo o processo desde a remuneração, passando pelo recrutramento e, por fim, saber por auto avaliação dos docentes envolvidos a sua satisfação através de a realização de um questionário sem identificação de quem o responde... mas não o governo nada faz, e são as câmaras que dão o dinheiro ás instituições que controlam todo o processo de remuneração e de recrutamento de docentes... Estas instituições ao recebere o dinheiro fazem com que o docente seja recrutado por um valor de marcado baixo para que a diferença entre aquilo que deviam pagar ao docente e aquiloque a câmara dá eles possam ficar com essa diferença para eles... e aqui começa a desprestigio do docente que dá estas aulas... Aos pais e professores de outras áereas somos vistos apenas por aqueles que vão tomar conta dos miudos que ficam após aulas, que ficam para que eles possam sair mais cedo para casa depois de terem dadas as suas aulas no horário nobre; aos pais somos aqueles que ficam com os seus filhotes para estes poderem estar fora de casa, puderem fazer os programas que entendem fazer, e para que tomemos conta dos seus filhos...

Eles não sabem, não querem saber e ainda gozam... mas a realidade e a verdade é que estes docentes, como eu, aceitamos tudo, fazemos de tudo, somos sacrificados, explorados e trabalhamos com poucos ou nenhuns materiais para leccionar, fracas instalações, populações carenciadas em todos os niveis, com baixa educação e de agressividade elevada... com isto tudo, ganhamos uma miséria... mas estamos lá de sorrisso, braços abertos e esperançados em cumprir e levar a missão de professor de Educação Física no seu melhor embora não foi para o 1º ciclo que fomos trabalhados, moldados e preparados para leccionar....

Ano a seguir, a esperança e a motivação de melhores dias chegariam, e que mais perto poderia estar em ser professor de Educação Física ganharam força, coragem e uma enorme esperança.... mas foi tudo uma ilusão... mais uma vez a sociedade apenas o que tinha para me oferecer era dar aulas ao 1º ciclo, ou seja, nada de novo seria novamente recrutado para leccionar aulas de AEC´S com apenas uma diferença (importante): iria assinar contrato. Ao ser contrato sei o que me esperava e aceitei o desafio contudo tinha esperanças que as coisas melhorassem... foi o que aconteceu mas mais tarde tudo se alterou e a esperança rapidamente se transformou numa situação de acomodação com uma estabilidade muito superficial e ilusionista...

Esta nova realidade, com o contrato, seria para melhorar a minha situação, de fato, melhorou mas não muito no primeiro ano... neste ano trabalhei com apenas três turmas por um lado ganhei aquilo que ganharia numa escola publica mas nas mesmas circunstâncias, por outro lado tive sempre o problema da Segurança Social para pagar... ou seja ganhava apenas para pagar a segurança social e ficar no fim do mês com pouco dinheiro para a minha vida...

No 2º e 3º ano as coisas melhoraram e foram distribuidas mais turmas, tive num dos anos quase todo o 1º ciclo a meu encargo, fiquei a ganhar um pouco mais por um lado consegui que o colegio ajudasse a não ter de pagar a segurança social com o aumento do salário e por outro lado tinha um horario mais preenchido... mas ainda estava longe de poder vir a ser aquele professor para o qual estudei e me formei... mas sentia-me dinamico, atarefado, ocupado, trabalhador e útil. No final do 3º ano passei a efectivo ou seja a estabilidade superficial e ilusionista passou, pensei eu, a algo presente e real... engano... O 4º e 5º  ano as coisas alteram-se e para pior... outra vez... fiquei com menos turmas e menos expressão do colégio... no 4º ano fiquei apenas com 3 turmas e no 5º foi pior apenas fiquei com uma... por um lado fiquei sem turmas, o que foi mau; por outro foi me aumentado o ordenado, dado um horário completo com novas funções... a sensação foi um misto de sentimentos: raiva, frustração, infelicidade, desorientado, vergonha mas por outro lado contente, acomodado, resignado, profissional e responsavel com a esperança de que melhores dias virão...

Tendo sempre em mente e com a procupação do incerteza de ter ou não ter trabalho por grande culpa da situação do pais, onde a cada dia que passava o desemprego aumentava e as dificuldades sempre á espreita... o pior do colégio ainda estaria para vir, no 5º ano já tinha feito a meio do ano as novas funções que me foram atribuidas e que apenas me deram motivação pelo seguinte motivo: estabalidade financeira, aumento do salário para valores aceitaveis; permanência no trabalho e alguma estabilidade... mas por outro lado a insatisfação e a frustração continuava no sentido de ficar mais longe do objectivo final, ser um verdadeiro professor de Educação Física....

No 6º ano, ano actual, tenho um horário completo mas apenas com uma turma... o 1º ano... e ficando reduzido a escala de substituições, recreios e opoio ao estudo... e mais uma vez o que motiva e faz aceitar esta situação é apenas a situação salarial por um lado, por outro não existem alternativas..

Para esta situação teria duas opções:

a) afastar da realidade atual, onde não me sinto valorizado como porfessor de Educação Física por um lado por outro onde sinto que a minha pessoa e a minha formação académica não são respeitadas; 

b) manter nesta realidade que me tras alguma estabilidade, que permite ter mais rendimento no vencimento que faço nos recibos verdes;

Assim surge o meu dilema, que é facil e previsivelmente resolvido... que consiste em duas opções, que toda a gente incluindo eu próprio sei qual a opção a tomar.... a mesma de sempre... manter como eu estou... felizmente... e infelizmente...

Não posso, não devo me queixar ao fim ao cabo existem muitas pessoas que dariam tudo para estarem na minha situação e que infelizmente não tem nem metade daquilo que eu tenho... por isso devo e vou deixar estar onde estou...

Por isso isto tudo se resume a um estado de acomodação com uma mistura de ilusão...